MOTIVAÇÃO E APRENDIZAGEM
Sendo o aspecto afetivo constructo da
natureza humana e elemento responsável pela definição das relações
interindividuais, base para todo desenvolvimento sócio-cognitivo do ser
humano, convém, destacarmos também a motivação como parte integrante
desse aspecto e seus determinantes no processo ensino-aprendizagem, bem
como, todas as ações da vida prática do indivíduo.
No campo da
Psicologia muitos estudos são desenvolvidos a fim de se compreender as
variáveis motivacionais do comportamento humano. Hoje, contamos com um
número significativo de pesquisas envolvendo esse assunto, porém não há
ainda entre os autores que se preocupam com esse tema, usualmente, uma
concepção universal aceita.
Todavia, o que nos interessa nesse
contexto é perceber a partir desses estudos, as contribuições trazidas,
no tocante, ao lugar ocupado no âmbito educacional e as conseqüências do
fator motivação[3], no desenvolvimento das estruturas cognitivas do
sujeito.
Segundo o dicionário Aurélio define: o conjunto de fatores os quais agem entre si, e determina a conduta de um indivíduo.
No
campo educativo, costumamos responsabilizar a motivação tanto à
facilidade com que o educando aprende, quanto pela ausência de sua
aprendizagem, no entanto, não podemos ser reducionistas a ponto de
negarmos os inúmeros fatores que envolvem essas realidades, destarte, a
motivação consiste apenas em mais um elemento considerável e
imprescindível, seja para aprender ou realizar algo. Nesse sentido, vale
ressaltar que todo comportamento pressupõe um motivo, seja no espaço
específico de sala de aula, quão em todas as ações da vida humana, estas
são movidas por uma força motivacional, embora não esteja explícita.
Segundo
Geraldina Witter, o conceito motivação, dependendo do autor, destaca um
ou três tipos de variáveis: * determinantes ambientais; * forças
internas (necessidade, desejo, emoção, impulso, instinto, vontade,
propósito, interesse e etc.); * incentivo, alvo ou objeto que atrai ou
repele o organismo.
A concepção de motivação que mais ganhou
destaque condiz à vinculada à teoria da evolução, por seu caráter
utilitário-funcional para a sobrevivência e desenvolvimento filogênico e
ontogênico. Partindo dessa ótica, todo comportamento é motivado e,
sobretudo corresponde às necessidades do organismo, daí dizer que o
comportamento configura-se em instrumento pelo qual a necessidade é
satisfeita.
Sem dúvida, como podemos perceber, a motivação
implica componente basilar de toda atividade humana a ser aprendida.
Comporta inúmeras situações em que pressupõe aprendizagem. Nesse
sentido, é comum observarmos no meio educacional, em particular, no
cotidiano de nossas escolas públicas, o incômodo de muitos educadores em
compreender o desinteresse dos educandos, o pouco caso destes pelo que o
professor ensina-lhes, ou seja, a busca por alternativas para
solucionar ou senão amenizar os problemas advindos por não se possuir as
condições motivacionais favoráveis à aprendizagem. Atribuídas na grande
maioria das vezes somente ao mundo extra-escolar dos educandos.
No
entanto, vale destacar que tanto para a ação de aprender quanto de
ensinar, faz-se necessário uma força propulsora motivacional que
determine ambas as situações, bem como, garanta a otimização do processo
ensino-aprendizagem através da melhoria da motivação.
Partindo
dessa premissa, é de convir que o problema da falta de motivação, tão
discutido no dia a dia da prática educativa, não se limita apenas ao
alunado, apresenta proporção bem maior, capaz de ir desde a direção ao
corpo docente, devido às condições que asseguram o desenvolvimento da
educação brasileira serem precárias e desoladoras.
As variáveis
responsáveis pela falta de motivação dos professores sobremaneira
justificáveis, como: a pouca disponibilidade de tempo para planejar, a
baixa remuneração, condição material desfavorável, sobrecarga de
trabalho, formação deficiente, desvalorização social, enfim, dentre
outros elementos impeditivos e propícios à resistência a mudanças, ao
avanço, à inovação, são aspectos fidedignos da realidade educacional
brasileira, todavia, seria no mínimo ingenuidade falar sobre motivação
sem refletir e mencionar a real situação de boa parte de nossas
instituições escolares.
Embora vítima dessa superestrutura que
requer mudanças significativas, o educador será sempre o responsável
primeiro pelo desenvolvimento sócio-cognitivo de seus educandos, o
grande encarregado de promover as contingências reforçadoras que
garantam a motivação e conseqüentemente levem à aprendizagem. E nesse
caso, acaba tornando-se o elemento motivador por meio de seus estímulos
antecedentes (decoração da sala, material didático, engenharia do
ambiente e disposição dos alunos), também pelo modo como relaciona-se,
sua postura, sua linguagem, etc.
É inegável a relevância do fator
motivação no desenrolar da prática pedagógica e, nesse sentido, não
importa as estratégias motivacionais que o educador disponha e, sim, o
seu compromisso em envolver o educando levando-o a perceber a
aprendizagem adquirida também como conquista pessoal.
( Disponível em http://www.educacaoonline.pro.br/index.php?option=com_content&view=article&id=299:o-aspecto-socio-afetivo-no-processo-ensino-aprendizagem-na-visao-de-piaget-vygotsky-e-wallon&catid=4:educacao&Itemid=15)
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